Loser

Hoje, domingão à tarde, sem namorado, sem amigos, saco cheio de Internet, todos os livros disponíveis lidos, lá vou eu assistir TV (nem sei há quanto tempo não fazia isso). Vou passando os canais e nada me agrada, nada mesmo. De repente, paro num canal (nem sei qual) e fico assistindo às propagandas (que fim de carreira). Depois começa um filme ao qual eu já havia assistido, mas que, por algum motivo, tive vontade de rever: "O Diário de Bridget Jones".

Filminho merda, eu sei. Mas eu gosto de Renée Zellweger. Ela não é um mulherão hollywoodiano, ela nunca foi campeã de bilheterias, ela vive emagrecendo e engordando, ela não usa penteados e vestidos da moda. Enfim, ela é gente.

A primeira vez a que eu assisti "O Diário de Bridget Jones" foi no cinema, junto com o meu falecido ex-namorado (que o demônio o tenha). O contexto era super outro: eu deveria ter uns 17 anos de idade, ainda crente nos grandes sucessos profissionais e, sobretudo, ainda crente numa coisa chamada amor entre homem e mulher. Hoje eu, quase 22 anos na cara - e, por muitas vezes, aparentando 30 - terminando faculdade sem grandes expectativas de emprego, sem dinheiro, gorda, tomando calmantes e sem namorado, ou seja, a própria loser.

Consegui me imaginar completamente como Bridget Jones. E eu acho que quando eu tiver 33 anos - se eu sobreviver até lá, já que as más línguas apontam para o meu desencarne 10 anos antes - ainda vou estar lutando contra a balança, ainda vou ser obrigada a comparecer a festinhas ridículas de família, ainda vou ser apresentada a homens patéticos por familiares (como se eles fossem a última Coca-Cola do deserto), vou ter um emprego loser e chefes dando em cima de mim mesmo eu não sendo uma figura por completo interessante, vou beber pra caralho, vou fumar pra caralho, vou dar bafão nas festas (só que agora os bafões nas festas familiares serão um constante), enfim, Bridget Jones sou eu.

Mas calma, não vou me apaixonar pelo primeiro idiota que pintar na minha frente e muito menos usar calcinha com estampa de zebra como se isso fosse a coisa mais sexy do milênio; isso eu deixo para a Bridget original. Aliás, paixões deixaram há muito de fazer parte da minha vida e calcinhas com estampas esdrúxulas nunca fizeram parte dela.

Bridget Jones chega aos 33 anos solteira e curtindo a vida com um amigo bicha e duas amigas tão solteiras e losers quanto ela. Eu já sei até quem serão essas duas amigas e quem será o meu amigo bicha que vão me fazer companhia durante a minha jornada de trintona. E a gente vai continuar bebendo e falando mal do povo tanto quanto a gente faz hoje. \o/

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Mudando de assunto completa e totalmente, mas não deixando de lado o tema desse post - o meu lado loser de ser - eu me vejo na obrigação de falar sobre a noite de ontem. Não encontrei as duas pessoas que me fariam companhia durante a noite e, portanto, fiquei boa parte dela sozinha. Existe coisa mais loser do que você ficar sozinho numa festa? Realmente não. Ainda, pra completar, descubro que o paquerinha de uma amiga minha é, na verdade, um casinho meu de Carnaval; encontro o my best kiss e ele ainda faz questão de me dar um abraço (¬¬ Mas não me xinguem porque eu não parei e fiquei com ele; eu conheço muito bem a peça, ele faz parte dos exemplares mais cretinos da raça masculina. Era só eu parar que ele logo inventaria um amigo imaginário que está perdido para sair de perto e jogar a super bomba ninja. Então, prefiro continuar como estou com essa criatura desde o baile do "I love cafusú": a única gostosa aqui sou eu); encontro a samambaia perdida que se finge de desentendido; enfim, encontro diversas espécies cretinas que fazem parte do seleto (nem tanto) hall de homens que eu já peguei. E as duas pessoas que é bom, nada. O campo mais limpo.

Volto pra casa de táxi - gastei um dinheiro da porra de transporte - e encaralhada da vida. Nossa, que noite ótima. É, dar o cu ninguém quer dar. Então eu vou pra Metro.

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E, só pra não perder o costume: eu odeio Recife.