A nós
Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela(...)
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
(...)
De luas, desatino e aguaceiro
todas as noites que não foram tuas
Meninos e amigos de ternura
Intocado meu rosto - pensamento
Intocado meu corpo e tão mais triste
Sempre à procura do teu corpo exato
Livra-me de ti!
Que eu desconstrua meus pequenos amores,
a ciência de me deixar amar sem amargura,
e que me dêem a enorme incoerência de desamar amando.
E te lembrando - fazedor de desgosto - que eu te esqueça.
--------------------------------------------------------------------------------
ANTES:
É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida.
Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços,
Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua.
Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d’água, bebida.
A vida é líquida.
---------------------------------------------------------------------------------------
AGORA:
Não me procures ali
Onde os vivos visitam
Os chamados mortos.
Procura-me
Dentro das grandes águas
Nas praças
Num fogo coração
Entre cavalos, cães,
Nos arrozais, no arroio
Ou junto aos pássaros
Ou espelhada
Num outro alguém,
Subindo um duro caminho
Pedra, semente, sal
Passos da vida.
Procura-me ali.
Viva.
(HH)
Aflição de não ser, amor, aquela(...)
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
(...)
De luas, desatino e aguaceiro
todas as noites que não foram tuas
Meninos e amigos de ternura
Intocado meu rosto - pensamento
Intocado meu corpo e tão mais triste
Sempre à procura do teu corpo exato
Livra-me de ti!
Que eu desconstrua meus pequenos amores,
a ciência de me deixar amar sem amargura,
e que me dêem a enorme incoerência de desamar amando.
E te lembrando - fazedor de desgosto - que eu te esqueça.
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ANTES:
É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida.
Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços,
Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua.
Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d’água, bebida.
A vida é líquida.
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AGORA:
Não me procures ali
Onde os vivos visitam
Os chamados mortos.
Procura-me
Dentro das grandes águas
Nas praças
Num fogo coração
Entre cavalos, cães,
Nos arrozais, no arroio
Ou junto aos pássaros
Ou espelhada
Num outro alguém,
Subindo um duro caminho
Pedra, semente, sal
Passos da vida.
Procura-me ali.
Viva.
(HH)
2 Comments:
Uau! Procura-me também, viva! Q tuda, amiga! =***
conceptions, hilda é aquela q faz a palavra percorrer a pele e entrar pela boca...
a sequência ficou maravilhosa!
bjs, amora
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