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Wednesday, December 31, 2008

A louca

O medo já passou. Vago numa rua cheia de pessoas sem rostos, mas olho pro céu e tudo está no mesmo lugar. É preciso arriscar-se; atirar-se destemidamente na direção do novo. Louca? Um pouco. Mas não me importo. As pessoas falam porque estão viciadas em certezas e seguranças. Sempre é momento de recomeçar. Não estou morta. Estou, sim, evitando o medo e vivendo.

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Monday, December 29, 2008

Contradizendo-me

Porque eu não poderia ser lugar-comum. Não poderia fazer o esperado e desrespeitar meu coração. Não poderia esquecer dos olhos nos olhos, mas também não poderia deixar de lembrar da imensa decepção. O que fazer ainda não sei... E já fiz.


Thursday, December 25, 2008

I
É bom que seja assim, Dionisio, que não venhas.
Voz e vento apenas
Das coisas do lá fora

E sozinha supor
Que se estivesses dentro
Essa voz importante e esse vento
Das ramagens de fora

Eu jamais ouviria. Atento
Meu ouvido escutaria
O sumo do teu canto. Que não venhas, Dionísio.
Porque é melhor sonhar tua rudeza
E sorver reconquista a cada noite
Pensando: amanhã sim, virá.
E o tempo de amanhã será riqueza:
A cada noite, eu Ariana, preparando
Aroma e corpo. E o verso a cada noite
Se fazendo de tua sábia ausência.



II
Porque tu sabes que é de poesia
Minha vida secreta. Tu sabes, Dionísio,
Que a teu lado te amando,
Antes de ser mulher sou inteira poeta.
E que o teu corpo existe porque o meu
Sempre existiu cantando. Meu corpo, Dionísio,
É que move o grande corpo teu

Ainda que tu me vejas extrema e suplicante
Quando amanhece e me dizes adeus.



III
A minha Casa é gurdiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência

E minha boca se faz fonte de prata
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.

A minha Casa, Dionísio, te lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
À uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta

Por que recusas amor e permanência?



VI
Três luas, Dionísio, não te vejo.
Três luas percorro a Casa, a minha,
E entre o pátio e a figueira
Converso e passeio com meus cães

E fingindo altivez digo à minha estrela
Essa que é inteira prata, dez mil sóis
Sirius pressaga

Que Ariana pode estar sozinha
Sem Dionísio, sem riqueza ou fama
Porque há dentro dela um sol maior:

Amor que se alimenta de uma chama
Movediça e lunada, mais luzente e alta
Quando tu, Dionísio, não estás.



VIII
Se Clódia desprezou Catulo
E teve Rufus, Quintius, Gelius
Inacius e Ravidus

Tu podes muito bem, Dionísio,
Ter mais cinco mulheres
E desprezar Ariana
Que é centelha e âncora

E refrescar tuas noites
Com teus amores breves.
Ariana e Catulo, luxuriantes

Pretendem eternidade, e a coisa breve
A alma dos poetas não inflama.
Nem é justo, Dionísio, pedires ao poeta

Que seja sempre terra o que é celeste
E que terrestre não seja o que é só terra.



IX
“Conta-se que havia na China uma mulher
belíssima que enlouquecia de amor todos
os homens. Mas certa vez caiu nas
profundezas de um lago e assustou os peixes.”

Tenho meditado e sofrido
Irmanada com esse corpo
E seu aquático jazigo

Pensando

Que se a mim não deram
Esplêndida beleza
Deram-me a garganta
Esplandecida: a palavra de ouro
A canção imantada
O sumarento gozo de cantar
Iluminada, ungida.

E te assustas do meu canto.
Tendo-me a mim
Preexistida e exata

Apenas tu, Dionísio, é que recusas
Ariana suspensa nas tuas águas.



X
Se todas as tuas noites fossem minhas
Eu te daria, Dionísio, a cada dia
Uma pequena caixa de palavras
Coisa que me foi dada, sigilosa

E com a dádiva nas mãos tu poderias
Compor incendiado a tua canção
E fazer de mim mesma, melodia.

Se todos os teus dias fossem meus
Eu te daria, Dionísio, a cada noite
O meu tempo lunar, transfigurado e rubro
E agudo se faria o gozo teu.


(HH)

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Monday, December 22, 2008

Sem pele

Eras assim e me incomodava isso de não poder te prender pelos cabelos e te guardar em meus abraços. Me faziam falta teus beijos angustiados e cheios de uma paixão que eu jamais consegui entender.

Não gosto das tuas censuras de hoje. Preferia você livre, dono dessa liberdade linda que eu tanto admirava. Agora te encontras amarrado às convenções; não reconheço nos seus olhos o homem que despertou em mim um sentimento que eu não consigo definir.

E eu não me conformo com a morte desse homem. Não reconheço nesse novo seu aquele que, deitado em meu colo, se despiu de todas as poses e chorou suas verdades. O que aconteceu pra você mudar tanto?

E eu, ao mesmo tempo, me acovardo. Me fecho em meu casulo tímido e sangro sozinha meu pesar. E deixo passar a tempestade.