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Monday, March 10, 2008

Nostalgia do Desejo

Acendo um cigarro mesmo sem querer
Me lembro
Da tua voz.

Me lembro do gosto da tua boca - e da sensação de tê-la tocando meu corpo
Me transportando para o plano das idéias
Só minhas
e secretas.

Me lembro
Da vida líquida que derramamos juntos
E da aurora juvenil que não vejo mais no espelho
E do presente que você me deu: rugas
Apenas elas.

E no meio do cigarro começo a me lembrar
Dos teus braços
Segurando minha cintura numa volúpia que - ai! -
E um mar começa a tomar conta de mim

Mas em seqüência me lembro
Desses mesmos braços
Nos abraços
Que não são mais meus

Me lembro da paixão desenfreada que sinto por cada centímetro do teu corpo
E das minhas noites mal dormidas
Afogadas
em lágrimas
ou bebidas.

E apago o cigarro.
Não quero mais esse gosto
tão viciante quanto o da sua boca
Num suicídio de igual proporção: lento, doloroso e gradual

Como bem disse o poeta:
"o beijo, amigo, é a véspera do escarro"
E eu escarro
Todas as memórias podres
Que pertencem a você
Sufocadas no meu pulmão.

E a fumaça se dissolve numa dança aérea
Assim como meus breves delírios.

Volto ao meu estado de bom-senso
E de monotonia.

(DH)


Sunday, March 09, 2008



Saturday, March 08, 2008

Não compreendo o olho e tento chegar perto. Também não compreendo o corpo, essa armadilha, nem a sangrenta lógica dos dias, nem os rostos que me olham nesta vila onde moro, o que é casa, conceito, o que são as pernas, o que é ir e vir, para onde Ehud, o que são essas senhoras velhas, os ganidos da infância, os homens curvos, o que pensam de si mesmos os tolos, as crianças, o que é pensar, o que é nítido, sonoro, o que é som, trinado, urro, grito, o que é asa hein? Lixo as unhas no escuro, escuto, estou encostada à parede no vão da escada, escuto-me a mim mesma, há uns vivos lá dentro além da palavra, expressam-se mas não compreendo, pulsam, respiram, há um código no centro, um grande umbigo, dilata-se, tenta falar comigo, espio-me curvada, winds flowers astonished birds, my name is Hillé, mein name madame D, Ehud is my husband, mio marito, mi hombre, o que é um homem?

(HH)


Saturday, March 01, 2008

A nós

Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela(...)
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.

(...)

De luas, desatino e aguaceiro
todas as noites que não foram tuas
Meninos e amigos de ternura
Intocado meu rosto - pensamento
Intocado meu corpo e tão mais triste
Sempre à procura do teu corpo exato
Livra-me de ti!
Que eu desconstrua meus pequenos amores,
a ciência de me deixar amar sem amargura,
e que me dêem a enorme incoerência de desamar amando.
E te lembrando - fazedor de desgosto - que eu te esqueça.

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ANTES:

É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida.
Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços,
Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua.
Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d’água, bebida.
A vida é líquida.

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AGORA:

Não me procures ali
Onde os vivos visitam
Os chamados mortos.
Procura-me
Dentro das grandes águas
Nas praças
Num fogo coração
Entre cavalos, cães,
Nos arrozais, no arroio
Ou junto aos pássaros
Ou espelhada
Num outro alguém,
Subindo um duro caminho
Pedra, semente, sal
Passos da vida.
Procura-me ali.
Viva.

(HH)